Peregrinação Mariana a Cacheu encerra Centenário de Dom Settimio
Casimiro Cajucam - Rádio Sol Mansi, Bissau
Durante a missa, o Bispo de Bissau, Dom Lampra Cá, destacou que a Palavra de Deus transforma vidas e desafia os fiéis a se converterem e a produzirem frutos de mudança.
“Quem quer fazer parte do plano de Deus deve estar pronto para mudar sua vida e responder com frutos de conversão”, afirmou o bispo. Dom Lampra Cá também alertou para os perigos da autossuficiência e do egoísmo, que rompem a comunhão com Deus.
“Ao rejeitar a sua condição de criatura, o homem tenta usurpar o lugar de Deus, mas acaba preso à escravidão e à morte”, explicou, exortando os fiéis a se abrirem ao projeto divino, que traz vida e liberdade.
A peregrinação contou ainda com a presença da comunidade islâmica, representada pelo imame da Mesquita de Cacheu e seus acompanhantes, reforçando o espírito de convivência inter-religiosa. O evento marcou também o encerramento das celebrações do centenário de Dom Settimio Arturo Ferrazzetta, primeiro bispo do país.
O padre Domingos Cá, coordenador da Comissão Organizadora das celebrações do centenário de Dom Settimio Arturo Ferrazzetta, afirmou que o centenário de Dom Settimio e de Amílcar Cabral inspira os guineenses a superarem a cultura da morte e a construírem uma sociedade baseada na verdade, na paz e na dignidade humana.
“É possível vencer a mentira, a opressão e a violência, restituindo ao povo guineense a dignidade de seres criados à imagem de Deus”, afirmou o padre, destacando a necessidade de líderes comprometidos com a reconciliação e o bem comum. “Dom Settimio e Amílcar Cabral foram exemplos de liderança que não se vendeu e não teve pressa. Lutaram pela sacralidade da vida e pelo direito do povo de ser protagonista de seu destino”, lembrou.
A celebração reforçou o apelo ao início do processo de beatificação de Dom Settimio. O administrador diocesano de Bafatá, padre Lúcio Brentegani, destacou que o reconhecimento da santidade do falecido bispo seria um marco para as comunidades cristãs do país.
“Dom Settimio foi um testemunho vivo de paz e do Evangelho, mesmo em tempos de guerra e adversidade. O seu legado transcende gerações e continua a inspirar”, afirmou o P. Brentegani.
Missionário franciscano nascido na Itália em 1924, Dom Settimio foi ordenado sacerdote em 1951 e tornou-se o primeiro bispo da Guiné-Bissau em 1977. Durante a guerra civil de 1998, permaneceu no país e trabalhou incansavelmente pela paz. Ele faleceu em janeiro de 1999, deixando um legado profundo na vida religiosa, social e cultural do país.
A Peregrinação Mariana 2024 não apenas reafirmou a fé católica, mas também relembrou a importância de líderes que priorizam a justiça, a paz e a dignidade humana, perpetuando os valores que Dom Settimio Ferrazzetta tanto defendeu.
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